DORI BOUCAULT, há mais de 25 anos defendendo o consumidor mogiano!

O característico bigode já é famoso por toda a cidade, afinal, ele foi o diretor do Procon de Mogi das  Cruzes e há mais de 25 anos trabalha defendendo o consumidor mogiano. Dori Boucault é praticamente irmão de Mogi das Cruzes, que comemora o seu aniversário no mesmo dia da Terra do Caqui: 1º de setembro. O mogiano cresceu no bairro do Shangai e recorda, sorridente, das inúmeras vezes em que caía durante as brincadeiras de rua, principalmente na Major Pinheiro Franco. “Quando estavam colocando paralelepípedo na rua, eu fui o primeiro moleque a cair lá. Já quebrei 19 partes do meu corpo”, confessa Dori Boucault.

Em 1982, decidiu ir trabalhar em Cuiabá, onde se aventurou, pela primeira vez, no ramo de comércio. E, digamos, foi uma escolha um pouco inusitada. “Eu vendia lingerie em casas de prostituição”, conta divertido. Junto com o irmão da esposa lêda, Dori Boucault subia até Serra Pelada, parando nas casas de prostituição para vender lingerie de Iycra, algodão e seda. “Nós comprávamos o material em Goiânia, terra natal da minha esposa”, justifica.

Além do comércio de lingerie, trabalhou na roça e comercializou moedas da sorte. Foi quando se deparou que não existia orientação ao consumidor, diferentemente do que já acontecia nos EUA e Japão, onde a defesa do consumidor já tinha um amparo legal.

Vitória por meio do esporte:

Nos cinco anos em que morou em Cuiabá, Dori Boucault passou por algumas dificuldades. Até que, por meio do esporte, várias portas se abriram para que ele obtivesse o sucesso merecido. “Um dia, estavam organizando uma partida de futebol e eu, claro, quis participar”, conta.

Como o time estava com falta de goleiros, ele acabou jogando e se tornando o sucesso do time. “Hoje, eu posso afirmar que o esporte me abriu as portas. Antes de jogar futebol, eu não era ninguém em Cuiabá.

Depois, me inscreviam em campeonatos e me davam apartamentos”, brinca. Hoje, Dori Boucault continua viciado em esportes, tendo até se formado no curso de Educação Física.

Procon em Mogi:

Em 1988, Dori Boucault regressou a Mogi das Cruzes, ansioso por implantar no município algum   departamento que ouvisse os problemas do consumidor. “Aí conversei com o prefeito Waldemar      (Costa Filho) sobre esse movimento que já existia na Europa e nos Estados Unidos”, criando, em 89, um convênio entre a Prefeitura e a Secretaria de Estado de Justiça e Defesa da Cidadania. Assim, um ano antes da criação do Código de Defesa do Consumidor, Mogi das Cruzes implantava os Serviços de Defesa do Consumidor e o Conselho Municipal de Defesa do Consumidor. Em 1992, foi implantado o Procon no município. “Nós queríamos escutar as pessoas”, confessa Dori.

Os casos mais curiosos do consumidor mogiano:

Como coordenador do Procon municipal, Dori Boucault se acostumou a ouvir as histórias mais       inusitadas do comércio da cidade. Segundo ele, o fato de os consumidores estarem cada vez mais atentos aos seus direitos faz com que eles procurem mais afincadamente a resolução dos seus problemas.

Isso, no entanto, traz à tona algumas histórias bem divertidas, “(como o caso da senhora que reclamou que o vibrador que tinha comprado estava estragado e dava choque”, exemplifica. Outro exemplo caricato foi o caso de uma reclamação de um DVD pornográfico. “O senhor estava passando por alguns problemas no seu casamento e quis apimentar a relação ao comprar um filme pornográfico. Mas ele ficou muito chateado quando descobriu que o filme não tinha legendas. Portanto, ele decidiu reclamar ao Procon”, conta.

No seu dia-a-dia, Dori Boucault não consegue simplesmente se desligar do seu papel de guerreiro dos direitos do consumidor. Isso porque, onde quer que vá, é abordado por pessoas que anseiam que ele consiga resolver os seus problemas. “Me pedem conselhos no supermercado, na academia, durante o treino de supino, em velórios, na igreja … “, enumera. A conversa é interrompida por um ex-aluno de Dori, que pede conselhos sobre um eventual abuso de cobrança de urna empresa. “É o dia inteiro assim”. brinca, Apesar das constantes interrupções, Dori não esconde a sua satisfação no trabalho que desenvolve na cidade. “É muito gratificante”, afirma.

Solidariedade, família e amor:

Dori Boucault e a esposa lêda são os principais responsáveis pela fundação do Trabalho de Apoio ao Deficiente (Tradef) em Mogi das Cruzes, no final dos anos 80. Apesar das dificuldades de implantar uma instituição de gabarito, hoje, Dori afirma que o Tradef é um dos seus maiores exemplos de vida. “Eu costumo aconselhar as pessoas para, quando estiverem tristes ou se sentirem com muitas dificuldades, visitarem o Tradef. Aquelas pessoas são um exemplo de força de vontade, porque elas, sim, tem dificuldades e, ao mesmo tempo, são uma força da Natureza”, diz.

lêda é presidente do Tradef e acompanha a luta diária das cerca de 150 pessoas que recebem o apoio da instituição. E, na hora de falar da esposa, com quem compartilha a sua vida há 26 anos, Dori Boucault não poupa nos elogios. “Ela é uma pessoa extremamente bacana, que me mostra todos os dias o lado positivo da vida. Volto a casar com ela no dia, hora e lugar que ela quiser”, conta apaixonado. O casal é pai de Plínio, 23, que, recentemente, tatuou nas costas uma caricatura do pai. “Eu fiquei três dias sem falar com ele, mas, depois entendi que foi uma bonita homenagem que ele me prestou”.